Todo homem admira uma mulher dona de si, até ela discordar dele

É uma verdade universalmente conhecida que um homem não gosta de ser contrariado. Parafraseando Jane Austen para fazer uma constatação do óbvio: independente do quão desconstruído ou intelectual ele alega ser, basta uma palavra contrária aos seus desejos que ele se transforma, do vinho para água em fração de segundos. Quando a contestação vem da parte de uma mulher, então… 

Na teoria, todo homem admira uma mulher independente, dona de si, determinada e cheia de opiniões. Mas, basta ela discordar dele em algum ponto, que a história muda. A admiração é soterrada pelo orgulho nutrido por uma masculinidade tóxica e a imagem daquela mulher passa a ser vendida como uma megera. 

Não importa qual foi o teor da discussão, se foi um debate caloroso, se foi uma simples conversa, se foi uma sugestão, se algo fugir do controle dele, ele se sente acuado, afinal, quem diabos ela pensa que é para desafiar o meu intelecto dessa forma?

Apesar de ser um comportamento facilmente observado no público masculino em geral, nos ambientes intelectuais são mais encontrados. Um homem que se acha intelectualmente mais desenvolvido que os outros, tem o ego maior que o Evereste. O que lhes sobra em suposta “inteligência”, lhes falta em compreensão. De que vale toda sua leitura e suposto conhecimento de mundo, meu caro senhor, se não entendes que o mundo é uma gama de infinitas possibilidades e que as pessoas não são iguais e, portanto, não irão concordar em todos os aspectos?

Discordar não é algo errado, como fazem parecer, pelo menos para nós, mulheres. Defender e argumentar pelos seus ideais, também não. Causar incômodo e desconforto naqueles que não suportam o embate de ideias parece ser minha maior especialidade. Talvez por isso, eu continue solteira: ainda não encontrei um homem sequer que apreciasse um bom debate, baseado no respeito mútuo, é claro. 

Ou talvez, como as más línguas dizem, eu esteja solteira porque falo demais. E penso demais. E defendo demais (e com muita convicção) os meus princípios. Todos querem uma mulher dona de si, até perceberem que não poderão me domar. Até perceberem que não irei abaixar a cabeça para tudo que ele falar. Até perceberem que eu sempre serei a minha prioridade. E sempre defenderei meu ponto de vista. 

Ainda bem que a solitude não me assusta, pelo contrário, adoro estar na minha própria companhia. Converso comigo mesma constantemente. Traço paralelos, crio universos, me divirto ao mesmo tempo que quase enlouqueço, mas sem nunca abandonar minha essência. Prefiro estar sozinha com meus pensamentos do que mal acompanhada. 

1 Comentário

  1. resta-me dizer que quando eu “cresce” quero ser como você rs // amo os teus escritos, amo a força feminina que encontro neles !

    Curtir

Deixe um comentário